sábado, 26 de maio de 2012

Liderança de Trindade faz falta



Eleições 2002. Naquela ocasião, bem no início do ano, o Partido dos Trabalhadores, escolheu em prévias seu candidato a governador do Estado – o professor Roberto John. Outras lideranças disputavam outros cargos. Wellington Dias, então deputado federal, colocava seu nome para a disputa do Senado. A deputada Francisca Trindade era candidata a uma vaga na Câmara Federal. Antonio José Medeiros e Assis Carvalho, entre outros, estavam na disputa para a Assembléia Legislativa.
Como no PT há sempre tensões, 2002 não deixou de ser diferente. A grande polêmica daquela eleição era a imposição do PT nacional para alianças com o PC do B e o PL. A panela de pressão do PT ferveu. Grupos mais radicais não aceitavam aliança nenhuma e até companheiros do agrupamento de Wellington Dias e que seriam candidatos a deputado estadual se posicionavam contra a aliança pela sombra que o então comunista Olavo Rebelo e o liberal Xavier Neto faziam em candidaturas petistas.
Mas de nada adiantou. Era decisão do PT nacional e pronto, aliança feita. E todo mundo na rua fazendo campanha.
Paralelamente a isso o PSDB-PI, que tinha cunhado a frase “Oligarquia Nunca Mais”, anuncia que vai abandonar seu fiel companheiro de até então, PMDB, e aliar-se ao PFL, hoje DEM. Isso às vésperas das convenções que homologariam as candidaturas
Cataclisma na política piauiense . O meio político e a sociedade em geral surpreendem-se com os acontecimentos.
Uma saída precisava ser encontrada para aquela situação. A saída tinha nome e endereço: Wellington Dias, do PT.
A notícia ganhou as ruas. Entusiasmo geral, mas havia um problema. Num processo democrático, o PT já havia definido seu candidato a governador, o professor Roberto John.
Indagado da possibilidade de deixar a candidatura de senador para assumir a disputa ao governo, Wellington Dias afirmou estar à disposição desde que houvesse consenso dentro do PT. Pelas normas internas o PT já havia definido, agora, só um consenso entre todas as lideranças e que o professor Roberto John, espontaneamente, retirasse seu nome.
Duas semanas de estresse altíssimo no PT. Acusações de golpes e manobras não faltaram.
Um parêntese necessário: o PT é composto por vários grupos mas dois se destacam pelo tamanho; um liderado por Wellington Dias e outro, antes, liderado pela deputada Trindade, hoje por Cícero Magalhães.
Voltando a 2002. As convenções se aproximavam e o PT precisava se definir. O povo cobrava nas ruas que o Partido apresentasse o nome de Wellington Dias ao governo  - situação capaz de fazer frente à dobradinha PFL/PSDB.
Muitas reuniões, muitas análises, muita negociação.
Mas a líder de um dos maiores agrupamentos do PT, deputada Francisca Trindade e o então candidato a governador Roberto John tiveram sensibilidade, altivez e sobriedade. Pensaram no Piauí e não nas disputas internas do PT. Liderando seu grupo, Trindade anunciou ser favorável à candidatura de Wellington Dias e Roberto John retirou seu nome da disputa.
O restante da história o piauiense lembra bem, com o adendo da informação de que na campanha, e depois no governo, Wellington Dias trabalhou, sem nenhum ranço,  com todos os agrupamentos petistas sem distinção .
Eleições 2012. A direção nacional do PT elabora um calendário eleitoral  determinando que onde o PT quiser aliar-se e apoiar na cabeça de chapa candidato de outro partido deve fazê-lo entre janeiro e março do ano em curso.
Em Teresina, os petistas liderados pelo deputado Cícero Magalhães querem apoiar o petebista Elmano Ferrer – atual prefeito da cidade.
Em 25 de março, depois de um viciado processo eleitoral cheio de irregularidades reconhecidas em documento com assinaturas das lideranças petistas, a proposta de aliança com o PTB sai vitoriosa.
Embora reconhecendo as irregularidades no processo eleitoral interno, o PT segue afirmando que seu candidato a prefeito é Elmano Ferrer.
O cenário eleitoral da capital mostra que a candidatura mais forte é a do ex-prefeito de Teresina e atual deputado tucano, Firmino Filho. Depois dele o favorito é o neófito peemedebista Marllos Sampaio, deputado federal. O candidato do PT, o petebista Elmano Ferrer engatinha na terceira posição sem dar provas de fôlego eleitoral.
As convenções se aproximam e as pesquisas, prognósticos e análises apontam vitória de Firmino Filho no primeiro turno. Quem não quer o retorno dos tucanos ao Palácio da Cidade se agita com a provável vitória de Firmino e busca uma saída.
A saída está novamente no nome de Wellington Dias. Com popularidade, densidade eleitoral e cacife político, o senador é o nome para derrotar os tucanos.
Mas há um problema. O PT já decidiu seu candidato.  E os petistas não querem nem discutir se foi irregular ou não, Elmano é o  candidato.
Wellington Dias poderia ser candidato a prefeito de Teresina. Mas para isso precisaria haver consenso no PT. Todos do PT precisariam entender da necessidade de derrotar o PSDB, mas isto está difícil. Benesses recebidas atualmente e o vislumbrar de uma vitória isolada de uma candidatura proporcional aqui ou ali, inviabilizam o projeto maior da cidade.
Creio que o nome de Wellington Dias está à disposição.
Espera-se, agora, que como no tempo de Francisca Trindade aja espírito político em torno do futuro de Teresina e não a defesa pequena de interesses particulares.

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