“Porque sou viúva,
brasileira, evangélica e honesta”. Esta é a resposta que a empresária
teresinense Carmen Lúcia Alves da Silva Bourguinet, 55 anos, tem na
ponta da língua de quando questionada porque fez questão de devolver os
5.604 euros (aproximadamente R$ 15.018) que um cliente pagou a mais em
seu restaurante na cidade de Portimão, sul de Portugal. A boa ação da
piauiense aconteceu em dezembro e acabou sendo destaque em toda a
imprensa daquele país.
Yala Sena/CidadeVerde.com
Dona Carmen, como é conhecida na região possui o restaurante
de self service e rodízio Grillo Brasil, especializado em churrasco no
centro de Portimão. Ela conta que no dia 7 de dezembro um grupo de três
empresários foram até lá e fizeram um grande pedido. “Eles comeram
bastante, tomaram umas caipirinhas e na hora de pagar a conta, um deles
não me deixou pegar o cartão dele, fez questão de ele mesmo passar na
máquina. Ele acabou digitando errado e ao invés dos 52,06 euros da conta
(R$ 140), ele digitou 5.660 (R$ 15.168). Quando fechei o caixa, eu
percebi, mas não tinha nenhum dado dele, apenas o nome. Fui em todos os
bancos, mas ninguém queria me dizer onde ele morava. Por isso procurei
os meios de comunicação para devolver aquele dinheiro que não era meu”,
descreve ao CidadeVerde.com.
Destaque da empresária na imprensa
portuguesa
A empresária conta que muitas pessoas
estranharam o seu ato e até lhe aconselharam a não devolver a quantia.
“As pessoas me chamavam de tola. Alguns brasileiros mandaram que eu me
calasse. Eu acho que as pessoas andam muito pobres de coração. Já tinha
até decidido que se não o encontrasse, iria dar o dinheiro para os
pobres”, diz Carmen.
Após ser encontrado, o empresário, que tem empresas no ramo de
transporte de cargas, agradeceu, mas não foi muito efusivo com a
piauiense. “Acho que ele não estava ligando muito. Ele disse que não
precisava fazer aquilo tudo”, comenta.
Carmen diz que fez questão de devolver os € 6.604 a mais que
recebeu para dar bom exemplo e para tentar modificar a imagem que os
brasileiros têm em Portugal. “Os brasileiros são muito relacionados a
assaltos, roubos, prostituição. Quis chamar a atenção porque as pessoas
tem que ser honestas. Quando morava aqui em Teresina já fui roubada por
crente, descrente, um amigo já me levou tudo e montou o próprio negócio.
Quero até dizer pra ele que a Justiça de Deus tarda, mas não falha. E
quero dizer também para um outro senhor, que mora no Mafrense, que eu
tenho foi Deus quem me deu e que ele pare de tentar colocar os meus
filhos contra mim”, desabafou a senhora que mora há mais de 30 anos na
Europa e mora atualmente em Collombey, na Suíça, com os filhos de seu
marido, suíço que faleceu e lhe levou para o Velho Continente.
“Quero só deixar mais um recado para quem estiver vendo isso:
‘Você não sabe o dia de amanhã e o melhor é ter a consciência tranquila.
Caixão não tem gaveta’”, finalizou, vitoriosa.
Carlos Lustosa Filho
redacao@cidadeverde.com
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